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TV Digital

TV Digital

Patricia Oriolo


Com o advento da TV Digital, assistir e produzir televisão nunca mais serão da mesma maneira. Por se tratar de uma tecnologia nova, que ainda nem foi regulamentada – o Brasil também não definiu o padrão de transmissão que irá adotar – o próprios profissionais do meio lutam para entender o que deverá acontecer. Muito além de melhor qualidade de som e de imagem, a TV Digital será móvel e convergente.

Mas vamos por parte. Qual a diferença entre o sistema analógico e o digital? Na questão que envolve definição de imagem, o analógico possui 525 linhas na tela, já no digital esse número sobe para 1080 linhas. O formato da tela também muda (aparelhos novos), deixa de ser vertical e passa ao horizontal, mais próximo da tela de cinema.

No analógico o som pode ser mono e estéreo, no digital são seis canais de saída de áudio, parecido com o que acontece nos Home Theatre. O governo brasileiro ainda não escolheu o padrão que deverá adotar para a transmissão digital e na briga estão três:

Americano: (ATSC – Advanced Television Systems Comitee) – Surgiu em 1998 e é adotado nos EUA, Canadá, México e Coréia do Sul. Do ponto de vista técnico, usa formato wide screen, 16:9 (semelhante à tela do cinema); resolução de 1.920×1.080 pixels e 6 canais diferentes de som, além de transmissão na freqüência de 6 MHz. É considerado o melhor para transmissão em alta definição, contudo perde muito quando o assunto é mobilidade. Europeu: (DVB – Digital Video Broadcasting) – Surgiu em 1998 e é adotado pelo Reino Unido, Índia, Austrália e Nova Zelândia. Oferece padrões para transmissão terrestre, a cabo e via satélite; opera na freqüência 8 MHz. É o mais versátil dos padrões, permite uma maior variedade de canais simultaneamente na mesma freqüência. A freqüência utilizada é diferente da usada no Brasil na TV aberta, de 6 MHz, perdendo para os outros dois padrões, que têm compatibilidade. Recentes testes realizados na Finlândia utilizaram a frequência do UHF para transmitir em digital. Japonês: (ISDB – Integrated Service Digital Broadcasting) – Surgiu em 2003 e é adotado apenas no Japão. Pelo padrão é possível a transmissão de 3 programações simultâneas no mesmo canal; digitalização de DVD (MPEG2) e é muito mais interativa. É o favorito das emissoras abertas brasileira por ser o mais novo e mais moderno, atender ao requisito de mobilidade exigido pelo governo e utilizar frequência compatível com o Brasil. Perde para o padrão europeu em número de transmissões simultâneas. Possuiu o lobby mais forte, e o ministro das Comunicações Hélio Costa não esconde a sua preferência.

Em 1998, o Brasil formou aproximadamente 18 consórcios científicos para o desenvolvimento de uma tecnologia Digital verde-e-amarela. Universidades e importantes instituições de pesquisas fizeram e estão fazendo grandes avanços no país. Contudo, parece que os resultados do investimento e pesquisa serão apenas “aproveitados” pelo padrão escolhido pelo Governo. Esse é um dos temas mais nebulosos nas infinitas discussões que envolvem a TV Digital. A TV Digital deverá ser:

  1. Convergente, ou seja permitir que diversos tipos de mídia utilizem a tecnologia e transmitam conteúdo para celulares, internet, ipood, mp3 e computadores.

  2. Móvel, em qualquer lugar, em diversos tipos de aparelho, a TV vai estar presente. Pode ser um táxi ou um ponto de ônibus.

  3. Gratuita. A grande pergunta é: o modelo de sustentabilidade baseado na verba publicitária tem condições de manter tanta demanda de programação?

  4. Interativa. Será possível, pela TV, obter todos os serviços oferecidos pela internet, como Governo Eletrônico, e-learning, e-banking, comércio eletrônico, tele-medicina e muitos outros. Para votar no BBB por exemplo, bastará apertar uma tecla no seu controle remoto.

A discussão da TV Digital ainda envolve a Lei Geral de Comunicações. Precisa ser reformulada urgentemente e levar em consideração que telecomunicações e radiodifusão serão coisas bem parecidas num futuro muito próximo. Deixar de lado o favoritismo e o imperialismo que o país vive, com mais de 90% das emissoras nas mãos de políticos e seus correligionários. No que se refere ao conteúdo a discussão fica ainda mais complexa. A produção ficará na mão de quem? Das Teles? As emissoras abertas não querem. Assim como as teles não querem apenas reproduzir material das abertas.

Que incentivo e viabilidade de negócio o produtor independente terá? Nos modelos atuais dependendo de leis e recusas fiscais, não funionará, principalmente pela necessidade de demanda.

Como fica a questão da regionalização? São muitas questões que precisam ser abordadas com seriedade, mas é complicado passar por cima de tantos interesses financeiros e ver o que é melhor para o audiovisual brasileiro.

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