Fernanda foi uma devota das artes. Pintava, bordava, fazia poesia, literatura da melhor qualidade e, com seu amado Alexandre Machado, escreveu as séries mais bacanas da história da televisão brasileira. Era talentosa, trabalhadora, constante, e uma grande tiradora de sarro, como só os inteligentes sabem ser.
Nessa era de força feminina, Fernanda foi um ícone: pensava, discursava e agia em unicidade. Corajosa e honesta, era amante fervorosa da língua portuguesa e milionária de ideias, como se definia. Hoje perdemos todos.
Há uns três meses, eu estava bem triste e desanimada, e Fernanda me mandou uma foto sua, em frente ao espelho do seu quarto. Bordada por ela na cabeceira cama, a frase “continue escrevendo”. Continuaremos, querida. Escrevendo, lutando e resistindo, mas pode ter certeza de que tudo terá bem menos graça.
Juliana Rosenthal
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