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Potenciais da linguagem da TV Digital

Esse artigo pretende investigar tendências de linguagens que surgirão com as possibilidades da televisão digital. Uma pergunta chave para nossa pesquisa é: até que ponto uma nova tecnologia transforma a linguagem de uma determinada mídia?

Nossa hipótese é que a tecnologia gera sempre programas inovadores e vanguardistas, mas que esses não se sedimentam se não se relacionarem com o uso social e com os hábitos de consumo dos receptores. Nossa intenção é detectar as inovações que sejam realmente adequadas à mídia televisiva.

No caso da televisão, há grande resistência em entendê-la como uma mídia com linguagem própria. Muitos autores ainda acreditam que a televisão é apenas um meio de exibição de obras geradas para outras mídias, seja um filme de cinema, seja uma ópera. Nós iremos na contramão dessa teoria e procuraremos discutir o específico da mídia televisiva.

É evidente que a televisão pode exibir filmes feitos para cinema da mesma forma que o cinema pode exibir uma partida de futebol ou um programa de auditório. Mas cada mídia tem linguagens mais adequadas e mais propícias ao modelo de produção.

No caso da televisão ainda não se sedimentou um campo de estudos que discutisse as características específicas da mídia, como já foi feito no teatro, no cinema e em outras mídias. Essa limitação teórica nos obrigará, na primeira parte, a fazer desse artigo uma hipótese sobre algumas especificidades da mídia televisiva.

Essa ausência de um conhecimento mais profundo da linguagem televisiva faz com que autores que discutem a televisão digital pensem que o digital vai fazer com que a linguagem dos programas de televisão se transforme a ponto de deixar de ser televisão.

Duas tendências são enfatizadas: por um lado há os que insistem na alta definição e na aproximação da televisão com o CINEMA; e por outro há os que insistem numa interatividade baseada na idéia de busca de informações pelo espectador/usuário, próximo ao que acontece na linguagem da INTERNET, tornando a televisão mais enciclopédica, cheia de dados extras e televendas.

Nossa hipótese é que, apesar do evidente crescimento dessas duas tendências, a principal tendência será outra. A linguagem que surgirá na TV digital e que realmente conquistará o público não será uma linguagem que transformará a televisão em cinema, nem que transformará a televisão em internet.

Será a linguagem que potencializará digitalmente os procedimentos que a televisão já faz de forma analógica. Nossa hipótese é que, ao invés de destruir a televisão que conhecemos hoje, o digital tornará a televisão ainda mais televisão.

É o mesmo que aconteceu com o cinema digital. O digital, como sabemos, propicia a interatividade, entre outras coisas. Mas o cinema digital foi em linha diametralmente oposta. Filmes digitais foram em duas tendências opostas, a tendência dos efeitos especiais e a tendência das câmeras de aproximação ao documentário. Mas, em ambos os casos, o cinema digital tornou o cinema ainda mais cinema, potencializando tendências estéticas que já existiam.

Da mesma forma a televisão digital potencializará linguagens que já existem na televisão. A interatividade na televisão não é igual a da internet e tem limitações que obrigam o criador a tomar opções.

Assim programas didáticos e educativos poderão ter mais conteúdos extras, algo que agradará ao público que assiste a esse tipo de programa. Mas não serão todos os programas que terão conteúdos didáticos, pois o público deles pode preferir outras formas de interatividade.

Outra forma muita enfatizada como linguagem da televisão digital são as televendas. É interessante observar que elas já existem na grade, tanto em programas específicos, quanto em merchandisings.

Possivelmente a plataforma digital permitirá que aumente um pouco sua presença, mas nada realmente significativo. É claro que a televenda será facilitada pela interatividade. Mas acreditar que toda a relação entre o programa e o público de televisão começará, de repente a ser baseada na idéia de televendas, é um erro.

Outra característica muito citada nos dias de hoje é a Televisão de Alta Definição. A possibilidade de compactação multiplicou a quantidade de informação transmitida, possibilitando que se transmita, mesmo em televisão aberta, uma imagem em alta definição, que chega próxima a definição da imagem cinematográfica.

Muitos consideram que essa imagem será o novo padrão e que ao tomar contato com essa qualidade de imagem o público começará a exigi-la sempre. Esse raciocínio, no entanto, é errôneo.

Evidentemente a imagem de alta definição é excelente para a transmissão de filmes e séries construídos numa linguagem próxima a do cinema, como os seriados dramáticos americanos. Mas não é necessário para todos os programas.

Em “A vida digital”, Negroponte analisa o fracasso dos japoneses na tentativa de impor uma televisão de alta definição e defende que a grande questão era a interatividade (é importante esclarecer que é uma opção a ser feita: ou mais definição ou mais interatividade. Pois elas disputam a mesma banda de transmissão, fazendo com que mais interatividade signifique menos definição da imagem).

O autor faz uma pergunta ótima: porque eu quero ver “Seinfeld” (sitcom de maior sucesso nos EUA na epóca), em alta definição? Um sitcom é uma linguagem baseada em diálogos, prescinde da boa imagem.

O raciocínio de Negroponte faz ainda mais sentido se pensarmos na área de shows, o grosso da grade de qualquer canal de televisão. Qual a vantagem de assistir Faustão em alta definição? Ou um programa qualquer de auditório, mesmo um programa bom, como era o de Chacrinha? Para esse tipo de programa – o grosso da grade e o específico da televisão – a interatividade com o público é muito mais importante que a alta definição.

Para entender os caminhos da linguagem de televisão é interessante pensar no que a televisão faz melhor que outras mídias. Para buscar conteúdos informativos nada supera a internet, uma imensa enciclopédia digital que a televisão não chegará a ser, até por limitação de bandas e por ausências de links entre conteúdos de várias emissoras.

Para fazer compras on-line a internet também permite melhor capacidade de escolha e tem interface de interação mais adequada. Já para assistir a um filme a televisão é ótima, ainda mais se você tiver condições financeiras de ter uma televisão de plasma, com som home-theater e colocada numa sala fechada e escura, isolada da intervenção dos outros. Aí você utilizará sua televisão como um cinema caseiro.

Ainda mais que você provavelmente assistirá a um filme alugado em DVD para poder parar na hora que necessitar (uma vantagem em relação ao cinema) ou usará seu set box (o hardware da televisão digital) para gravar o filme no HD para você poder assistir depois (se assemelhando ao dvd).

Mas, mesmo tendo uma sala com home theater caseiro para assistir filmes e séries em alta definição, você provavelmente ainda poderá usar a mesma televisão (ou outro aparelho em outros espaços da casa) para utilizar na forma mais tradicional de assistir televisão, a forma interativa e não imersiva.

É claro que é possível argumentar que no ambiente de convergência digital todas as mídias se integrarão. Realmente, será possível acessar a internet em sua televisão, assim como já é possível ligar o seu videogame no monitor televisivo.

Mas isso é diferente de pensar que, pelo simples fato de eu usar minha televisão como monitor de meu videogame ou de meu computador, ela deixou de ser televisão. Afinal, a televisão além de ser um eletrodoméstico, é também uma série de conteúdos, com linguagem específica.

Por características do hardware e da interface, a internet na televisão ainda será internet na televisão, assim como é possível, no limite, exibir televisão na tela de cinema digital. Portanto, mesmo no universo da convergência digital completa, o público ainda terá formas diferentes de se relacionar com as linguagens e conteúdos de cada mídia. Continuaremos falando portanto de televisão, de Internet, de games, de cinema, etc..

E é claro, a linguagem dessas mídias terão mais contato e influência. Mas manterão sua identidade. Já existem inúmeros filmes influenciados pela estética do game, seja a estética visual, seja a multiplicação dos pontos de vista da narrativa.

Mas eles não deixam de ser filmes por essa influência, pois continuam não-interativos. Com a televisão acontecerá basicamente a mesma coisa. Mesmo que a linguagem do game, do cinema ou da internet comece a influenciar a televisão, ela ainda será basicamente televisão, tanto por motivos de limitação tecnológica (a convergência total ainda demorará muito), quanto e principalmente por motivos de formas de utilização do público, que continuará usando os programas como costuma usar programas de televisão.

Por tudo isso acreditamos que o digital na televisão tornará a televisão ainda mais televisão, em seus vários formatos e linguagens. E a expressão chave, nesse caso, é “mais interativa”. Mas não uma interatividade baseada na informação e no raciocínio, como costuma ser o modelo da internet. E sim uma interatividade baseada na brincadeira e no lúdico.

Trabalhamos com a hipótese de que o digital tornará a televisão ainda mais televisão e isso para nós significa que ela será ainda mais interativa e mais lúdica.

Dificuldades da interatividade em televisão

A primeira dificuldade é a própria vontade do telespectador de interagir. Como diz o crítico Arnaldo Jabor: “A interatividade é uma falsa liberdade, já que transgride o meu direito de nada querer. Eu não quero nada. Não quero comprar nada, não quero saber nada”.

O espectador de televisão está acostumado à passividade ou, quando muito, à interatividade intuitiva e quase zen possibilitada pelo controle remoto – uma ação que ajuda a inibir o pensamento e não a desenvolvê-lo. (“A Mídia Zen”, de Erzenberger, artigo no qual, na contramão da corrente, enfatiza a necessidade e o valor dessa atitude).

Uma tela padrão de internet não avança sem o clique do usuário. Na televisão é quase o oposto. Como a recepção é coletiva (de um ponto para vários usuários, enquanto a internet é de um ponto para um único usuário) o programa continua mesmo com o espectador interagindo.

O que acontece em televisão digital é que, ao interagir, o usuário abre uma janela ao lado da imagem principal, que possibilita que ele vote, compre ou faça o que ele desejar. Mas em paralelo, o programa continua correndo.

Com o uso do setbox é possível criar possibilidades de gravar o programa no HD do setbox, de forma a permitir que o usuário o interrompa. Isso poderá funcionar no caso dos programas que não são ao vivo.

Mas há muitos programas de televisão cujo grande prazer é assistir ao vivo e, mesmo interagindo, o espectador não quer perder o frescor do ao vivo. O caso mais clássico é futebol, que ninguém quer ver gravado.

Mas também programas de auditório e de debates (como os programas sobre sexo, baseados em ligações com ouvintes, tem um frescor do ao vivo). Além disso, o mais importante, é que parar o programa para interagir pode romper boa parte do ritmo e do prazer construídos pelo criador do programa.

Por tudo isso, o ideal é criar soluções de interatividade simples e que permitam que o usuário interaja ao mesmo tempo em que assiste ao programa. Ou fazer como faz os programas de jogos (Banzai, Who want be milionare?) que incorporam no programa alguns segundos previstos especialmente para quem quer interagir, mas que são cuidadosamente calculados para não incomodar os inúmeros espectadores que, mesmo assistindo a um programa interativo, não querem interagir com ele.

Essa é outra característica dos programas interativos de televisão: eles devem dar ao usuário a possibilidade de não interagir. Alguns estudos de usabilidade da BBC mostraram que programas que obrigaram o espectador a interagir foram grandes fracassos. O ideal é um programa que dê ao espectador o direito à passividade. Assim como o espectador assiste a um jogo de futebol, ele pode estar assistindo com prazer a outras pessoas jogarem um programa interativo.

Ao falar da interatividade ideal Johnson (“A Cultura da interface”) defende que a boa interatividade não é racional, é intuitiva e prazerosa. É quase como uma criança descobrindo o mundo. A interatividade ideal em televisão deve ser assim, o que é quase o oposto da interatividade baseada em raciocínio e no modelo de pensamento que foi a base de construção da linguagem da internet (em especial os estudos de Engelbart e de Vanevar Bush, o famoso “Como nós pensamos”).

Os programas de sucesso apostaram numa programação de TV interativa que mantém o apelo emocional da televisão para, a partir daí, incentivar os telespectadores a interagir com o conteúdo exibido.

Outro problema será o das interfaces da televisão digital. O mouse permite uma interação mais diversificada do que o controle remoto. Mesmo o controle remoto aperfeiçoado apresenta dificuldades de usabilidade. O controle remoto utilizado no DVD e o controle remoto usado em operadoras de televisão por assinatura (como Sky e Directv) são modelos possíveis de controles para a futura televisão digital.

O tipo de interatividade do DVD, com alguns extras e uma navegação bastante restrita, é um modelo pensado para televisão digital. Outras discussões serão sobre a divisão da interface da tela. Com certeza a técnica da simultaneidade será utilizada para criar a interface.

Como já dissemos o programa estará acontecendo e, em paralelo, teremos os ícones e links para possibilitar a interação. Onde vão estar esses ícones são alguns dos debates que ocorrem para criação da interface da televisão digital.

Na maioria dos programas interativos das televisões por assinatura atuais, a interatividade é uma opção extra do controle remoto, que só surge ao você apertar o botão i (de interatividade). Nesse momento a tela se divide (como se fosse uma imagem de DVD) entre o programa que continua sendo exibido numa imagem menor e um pedaço (geralmente à esquerda) para interatividade.

O interessante é observar que a opção pela interatividade não é “natural” à televisão, ela é uma intervenção que transforma tudo. Isso, obviamente está longe de ser o ideal. Há possibilidades mais contemporâneas, ainda a serem investigadas, que permitem que o link esteja sobre a própria imagem, sem a necessidade de aparecer um outro cursor. No caso de narrativas, o link sobre a imagem é possível e pode contribuir na criação de narrativas orientadas por objetos.

Para terminar, uma diferença fundamental que tem a ver com os hábitos de uso de cada mídia. A recepção no computador é individual enquanto na televisão é coletiva ou, ao menos, pública. A recepção coletiva gera uma série de dificuldades para a interação. Isso se percebe até em famílias discutindo sobre o poder de deter o controle remoto e a decisão de qual canal assistir.

Quanto mais complicada a interatividade, mais complicada será essa decisão “coletiva”. No caso de narrativas, mesmo se você assistir televisão sozinho, a decisão sobre os caminhos da interação será sempre coletiva, pois o programa irá seguir de acordo com a votação da maioria.

Uma forma de narrativa com caminhos individuais tipicamente televisiva é exibir vários pontos de vista da mesma história em vários canais. A interatividade ocorre pela simples troca de canal (algo que pode ser feito até na televisão analógica) e cada telespectador verá trechos diferentes da história.

Esse caso, mesmo possível com a televisão analógica, só foi implantado em canais experimentais, como o programa D-Dag TV exibido pela televisão dinamarquesa. A experiência, mesmo interessante, corre o risco de romper com outro prazer comum a todas as narrativas: assistir algo e conversar com outro após o filme sobre o que você assistiu.

A televisão se notabilizou por ser a mídia que mais catalisa esse tipo de debate público e as narrativas individuais parecem não fazer sucesso por romperem com essa possibilidade.

Possibilidades da TV Digital.

A chegada do digital na televisão permite inúmeras possibilidades. A maioria dos autores cita aplicativos que permitem a personalização da grade (como o EPG), facilitando o acesso aos programas nos horários desejados. Outros recursos, como já dissemos, favorecem os conteúdos extras (num modelo de poucos conteúdos, ou seja, mais próximo ao que vemos hoje no DVD do que na internet) e outros facilitam televendas.

Apesar de sabermos que todos esses modelos serão implantados, queremos terminar discutindo os aplicativos que acreditamos serão os de maior impacto na estética televisiva: o TV mail, o TV Chat e outros aplicativos de conversas entre espectadores.

Acreditamos que esses aplicativos farão sucesso e revolucionarão o uso da televisão, pois eles potencializam características específicas da mídia televisiva. Conversar em cima de um programa (mesmo falando mal do programa ou dos atores), é algo extremamente criticado em cinema.

Mas é uma das formas mais plenas de participação do público na televisão, além de ser uma das mais prazerosas. Nas famílias, o hábito de assistir televisão se tornou individual, até pela diversidade de gostos, universos e opiniões entre membros das mesmas.

Mas, em compensação o hábito de ter comunidades se proliferou na internet, com destaque para os sites de relacionamento como o Orkut. Alguns aplicativos de televisão digital poderão levar isso até a televisão. Pelo TVMail você poderá avisar amigos de programas e/ou listas de amigos simultaneamente para assistir a um determinado canal que exibe, naquele instante, algo de interesse comum.

Pelo TV Chat você poderá ter o prazer adicional de ter uma conversa em tempo real, num modelo próximo ao Messenger ou até mesmo ao Skype. Tudo isso permitirá que cheguemos num futuro onde você não precisará mais assistir televisão sozinho e poderá ter uma comunidade virtual dentro da qual você, mesmo em sua casa, poderá assistir, junto a pessoas escolhidas, um determinado programa, comentando seus caminhos e desenvolvimentos.

Conclusão

Já em 2007 se iniciará a transmissão digital em televisão aberta no Brasil. A televisão digital por assinatura já funciona há anos. Dizem que a substituição completa dos televisores demore entre 10 e 15 anos. Antes disso, no entanto, já haverá milhares de usuários e eles precisarão de uma programação diferenciada.

Nos próximos anos, duas tendências de programação se refletirão em dois padrões de qualidade. Por um lado, as grandes redes poderão produzir conteúdos de alta qualidade técnica para a televisão de alta definição e para competir no mercado internacional e tentar implantar uma necessidade de alta definição no público.

Mas por outro lado, haverá o surgimento de inúmeras redes locais e segmentadas que deverão procurar outro padrão de qualidade. A MTV com seu talento em, simultaneamente, conquistar a fidelidade de um público segmentado e dialogar com o público genérico, é um exemplo de programação para as futuras redes independentes e por isso a analisamos nesse artigo.

Acreditamos ainda que, para o espectador, a principal mudança será a interatividade. Com a TV digital ele poderá fazer compras, acessar informações complementares a programação, escolher um ponto de vista para a transmissão de um evento, enviar mensagens, fazer votações e personalizar a programação de sua televisão.

A nova televisão precisará de uma nova linguagem. A experiência de narrativas interativas – em especial, os jogos de computador – será.

uma das fonte de inspiração e a linguagem da internet, com sua capacidade de organizar as informações em rede, outra. No entanto, ao contrário do que muitos acreditam, a nova linguagem virá, principalmente, da história da televisão e do aperfeiçoamento da linguagem que ela criou em 50 anos de sucesso.

Conforme já afirmamos, os melhores programas de televisão sempre tiveram a tendência de interagir com o público. As telenovelas brasileiras são obras abertas que dialogam com o interesse do espectador, transformando personagens e enredo.

O formato do “Você Decide”, criado pela Rede Globo e exportado para vários países, apenas potencializou essa experiência. Os apresentadores de auditório também foram mestres da interatividade.

Eles pautaram seus programas pela constante busca do diálogo com o público, abrindo espaço para participação de populares e calouros; fazendo televisão ao vivo e acompanhando as variações da audiência. Para incentivar a participação do público, a televisão sempre utilizou vários meios de comunicação.

Uma das características dos reality shows foi a votação do público através do celular e da internet. Antes, outros programas utilizaram cartas, telefones e fax. A TV interativa potencializará o que a TV tradicional já faz, permitindo que o público vote pelo controle remoto.

A possibilidade do espectador gravar os programas e organizar sua própria grade fará crescer a importância da televisão ao vivo, e a riquíssima experiência da televisão brasileira dos anos 50 poderá ser resgatada como fonte de inspiração. Além disso, o conceito de grade de programação poderá ser revisto.

O pioneiro TV Mix criou, na Rede Gazeta dos anos 80, uma grade de programação semelhante a de uma rádio FM. Esse conceito influenciou a programação da MTV e é utilizado na pioneira Alltv, uma rede de televisão transmitida pela internet.

Esse conceito oferece uma possibilidade para que as redes de televisão digital mantenham o público ligado na programação, independentemente da facilidade de gravar programas.

É importante destacar, no entanto, que a interatividade não transformará a televisão em Internet, pelos inúmeros motivos que já analisamos no transcorrer do artigo.

Por isso, mais do que unir a TV e o computador em um único aparelho, o que deve se procurar são formas de tornar a experiência de assistir televisão ainda mais atraente.

Mesmo com a transmissão digital, a televisão continuará exibindo telejornalismo, ficção (telenovelas e seriados), espetáculos e programas de auditório. Todos eles, no entanto, com seu potencial interativo potencializado.

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